- Eu sei que amnésia é uma palavra assustadora, mas é muito comum em casos de acidentes graves como seu e grande parte das vezes é apenas um estado temporário – informou o médico – Infelizmente, não podemos dizer com certeza vai demorar muito ou pouco tempo a passar ou se é mesmo permanente. Regra geral, os pacientes que, como o senhor, perderam memórias relativamente recentes voltam a recuperar grande parte delas. - Grande parte? Quer dizer que eu posso não recuperar a memória toda? - Obviamente! É praticamente impossível alguém lembrar-se de toda a sua vida ao pormenor. Existem casos de pessoas com essas capacidades, mas é muito raro – Esclareceu o médico. Tom ficou em silêncio, pensativo. Precisava de organizar as ideias e as informações para conseguir ter um raciocínio lógico. Agradeceu a ajuda do médico e pediu-lhe que informasse a sua mãe e a sua esposa da sua situação e lhes dissesse que ele precisava de descansar, na esperança que elas acatassem as ordens do médico e o deixassem sozinho. Recostou-se na cama de olhos fechados e fez um esforço para se lembrar do que tinha feito no dia anterior. Vieram-lhe à memória várias coisas mas como podia ele saber se eram as recordações correctas? Podiam ser do dia anterior, tal como podiam ser de há seis anos atrás! Sentiu-se furioso consigo mesmo por não conseguir recordar o que queria. No entanto, sabia que a culpa não era dele. Era como se lhe tivessem roubado seis anos de vida e não era justo… Ele era casado e não sabia. Nem sequer reconhecia a sua própria mulher! Que mais coisas importantes teria ele esquecido? E porque não estava o Bill ali ao seu lado? Tanto quanto sabia (e sentia), podia ter morrido num acidente de viação. Era suposto o seu irmão estar ali com ele, não era? Uma vez mais, sentiu-se preocupado com o seu irmão. Podia ter acontecido alguma coisa… Fez uma nota mental para perguntar à sua mãe quando ela regressasse no dia seguinte.
***
18:25
- E então tu levaste-me a um restaurante chique e antes da sobremesa pediste-me em casamento! – os olhos de Lori brilhavam de entusiasmo enquanto contava episódios importantes da vida deles. Tom apenas queria que ela se calasse, nem que fosse por um minuto. A sua cabeça continuava a latejar devido à dor e só queria dormir um pouco a ver se ficava melhor. Contudo, não queria ser rude para Lori. Mas ela continuava a falar sem parar, toda entusiasmada e não mostrava sinais de querer parar. Será que ela não entendia que não valia a pena estar ali a contar-lhe como eram felizes porque, naquelas condições, ele não estava a registar nada? Ele não sentia nada por ela, não tinha sequer ideia de algum dia ter tido qualquer tipo de relação com aquela mulher. Na verdade, Tom achava que o que ela estava a contar-lhe era, pelo menos em parte, mentira. Não se conseguia desfazer desse pressentimento… Era muito estranho que alguém completamente apaixonado por outra pessoa não sentisse qualquer tipo de atracção para com ela, mesmo com amnésia… De repente, Tom teve uma ideia. Se ela queria tanto falar, podia contar-lhe algumas coisas sobre o acidente! Talvez ele devesse começar por tentar recordar as coisas mais recentes, apesar de saber que muita gente que sofria acidentes nunca recuperavam essas memórias por serem traumatizantes. Mas ele tinha que começar por algum lado e a técnica que Lori estava a usar não estava a resultar. Ela pareceu ficar atrapalhada quando Tom lhe perguntou o que tinha acontecido na noite anterior. - Bem… Nós estávamos em casa e… Eu estava a fazer o jantar e descobri que não tinha… Cenouras! – Lori escolhia as palavras com cuidado e fazia muitas pausas, como se também estivesse a ter dificuldades em lembrar-se – E tu ofereceste-te para ir comprar, mas depois… Estavas a demorar muito e foi quando me telefonaram a dizer que tu… Pronto… - Eu quase morri para ir comprar cenouras? – perguntou o Tom, achando aquilo estranho – Eu nem gosto muito de cenouras… - Pois, mas eu gosto… E tu como sempre foste um amor para mim, quiseste fazer-me a vontade – respondeu ela com um grande sorriso. Tom lembrou-se do que ela tinha dito quando o viu acordado. “A culpa é toda minha amor, desculpa!”. Agora fazia sentido que ela dissesse isso, mas na altura, vindo assim do nada, tinha parecido que ela estava a falar mesmo a sério e que a culpa do acidente tinha sido mesmo dela. - E… como foi o acidente? Quer dizer… Como ficou o meu carro? - Oh… Foi para a sucata… Tiveram de te desencarcerar e tudo, amor… Eu não vi, mas os paramédicos que te salvaram contaram-me… Tom ficou em silêncio e Lori também. Ele era sempre tão seguro de si, como se nada de mal pudesse ocorrer. Mas agora percebia que as coisas não acontecem só aos outros e o acidente dele podia ter tido um desfecho diferente e… pior. No final de contas, perder a memória nem era assim tão mau. Podia começar de novo, criar novas memórias e, quem sabe, melhores. Estava vivo e isso só por si já era bom. Uma enfermeira de ar simpático aproximou-se deles e anunciou o fim da hora da visita. Lori despediu-se dele com um beijo nos lábios e saiu, dizendo que voltava no dia seguinte. Tom ficou ali deitado, agradecendo finalmente o silêncio. Não demorou muito até que o sono chegasse e o levasse a entrar num mundo de devaneios utópicos, possíveis apenas nos seus sonhos.
O ruído à sua volta parecia ter sido calado durante o seu sono. Uma dor aguda pressionava as suas fontes, fazendo com que fosse difícil abrir os olhos. Tentou pôr os pensamentos em ordem, mas também era difícil abstrair-se da dor e pensar. Tinham-lhe dito que ele sofrera um acidente, mas ele não se recordava disso. Custava-lhe pensar com clareza… As últimas coisas de que se lembrava era de ter acordado na ambulância e depois no hospital… Ouviu passos e murmúrios ao seu lado e depois o ruído de uma cadeira a ser arrastada. A sua curiosidade sobre o que o rodeava e onde se encontrava tinha sido aguçada, mas sabia tão bem estar de olhos fechados… A dor ainda se fazia sentir na zona logo por cima dos seus olhos, o que lhe dava uma boa desculpa para os manter fechados. Deixou-se ficar naquele limbo mais alguns minutos… Ou horas. Não tinha bem a noção do tempo porque acordava e adormecia frequentemente. Não sentia fome, nem sede, nem qualquer outra necessidade vital, a não ser descansar. De repente, um pensamento estranho cruzou a sua mente. Estaria morto? Ele podia sentir a cama dura por baixo dele, sentia o lençol fino que o tapava da cinta para baixo e a almofada fofa que lhe elevava um pouco a cabeça. Ouvia os passos e as vozes das pessoas que passavam constantemente de um lado para o outro no corredor. Doía-lhe a cabeça e sabia que estava a respirar. Por isso, não podia estar morto. Mas como podia ele ter a certeza se nunca tinha estado morto antes e não sabia como era? Decidiu abrir os olhos e tirar as dúvidas. Deu consigo a olhar para um tecto branco. Olhou em volta e percebeu que estava num quarto de hospital. Havia alguém sentado numa cadeira ao seu lado. Era uma senhora de meia-idade que tinha o olhar triste perdido na janela da parede em frente a si. Um pouco mais de concentração permitiu ao Tom reconhecê-la. - Mãe? A senhora assustou-se com o sussurro quase inaudível e olhou alarmada para ele sem perceber bem se ele tinha falado ou gemido de dor. Ao vê-lo acordado e a olhar para si, os seus olhos encheram-se de lágrimas. - Tom, meu querido! – exclamou ela, tomando as mãos dele nas suas – Está tudo bem, meu filho, já passou! Acariciou a cara dele, fazendo-o franzir o sobrolho por causa das picadas de dor que as mãos ávidas dela causavam ao passar pelos cortes. - Au! – queixou-se ele, fazendo a D. Simone dar uma pequena risada nervosa. - Sempre foste sensível à dor, meu pequenino… - disse ela, olhando-o afectuosamente. - Tom! – guinchou uma mulher à porta do quarto. Simone afastou-se rapidamente para evitar ser abalroada pela rapariga, que correra para a cama para poder abraçar Tom. A visão dele foi tapada pelo cabelo castanho claro dela, sem lhe dar tempo para a reconhecer. - Ele acordou mesmo agora – informou Simone – Ainda tem algumas dores por isso tem cuidado… - Ó meu amor, pregaste-nos um susto tão grande! – exclamou a mulher, sentando-se na beira da cama de Tom e pondo a mão no peito dele. Ele olhou confundido para ela, pois não a reconhecia de lado nenhum. Provavelmente era uma fã que tinha convencido a sua mãe a deixá-la entrar no quarto. - Bem, eu vou-te deixar a sós com a Lori e volto amanhã, sim? – Simone beijou Tom na testa e virou-se para pegar na sua mala. - Lori?! – disse ele, confuso. “Quem diabos é a Lori e porque é que a minha mãe me deixou sozinho com esta maluca?” pensou ele, furioso com a mãe por ser tão ingénua e acreditar em tudo o que as pessoas lhe dizem. - Sim, amor? – respondeu a mulher sentada na sua cama. Tom achou aquilo estranho. Por mais ingénua que a sua mãe fosse, ela nunca o deixaria a sós com uma estranha que o tratava por “amor”. E onde estavam os seus guarda-costas quando precisava deles? - Olha, desculpa, mas eu não estou a reconhecer-te – disse o Tom, receoso que ela fizesse alguma loucura por ele não se recordar de um possível encontro prévio entre eles. - Ó Tom, não brinques com coisas sérias… - proferiu ela com uma expressão meia amuada – Fiquei em pânico quando me contaram o que te tinha acontecido… A culpa é toda minha amor, desculpa! Os olhos dela encheram-se subitamente de lágrimas, o que apenas contribuiu para aumentar a confusão de Tom. Aquela tal de Lori devia ser mentalmente perturbada! Ela tratava-o como se se tivessem conhecido toda a vida, mas ele não fazia a mínima ideia quem ela era! E porque tinha ela dito que a culpa do acidente dele tinha sido dela? Tom fez um esforço para se recordar do acidente, mas não se lembrava de nada… Não sabia sequer em que circunstâncias tinha ocorrido o dito acidente. Ficou sem saber o que fazer quando ela começou a chorar copiosamente e só desejava silenciosamente que alguém entrasse e o salvasse daquela situação. Como que atendendo às suas preces, um médico de aspecto simpático entrou no quarto. Ao ver Lori tão chorosa e o ar de pânico de Tom, dirigiu-se de imediato a ela para a confortar. - Então Sr.ª Kaulitz, então? O seu marido já acordou, o pior já passou! Não há razão para ficar nesse estado – disse ele com uma mão no ombro dela, tentando acalmá-la – Não quer ir até lá fora beber um copo de água enquanto eu falo aqui com o doente? Ela abanou a cabeça afirmativamente e saiu sem dizer uma palavra, ainda a limpar as lágrimas. - O senhor desculpe… Mas o senhor chamou-lhe “Sr.ª Kaulitz”? – perguntou o Tom, sem saber bem o que pensar daquele circo. - Sim… Mas, desculpe, eu não estou a perceber a sua questão, Sr. Kaulitz… - respondeu o médico, também confuso. - Ela é da minha família? É suposto eu conhecê-la? - Ela é sua esposa! – exclamou o médico perplexo - O senhor não se recorda? Tom abriu a boca num gesto de espanto. Se não fossem as dores que sentia, era capaz de acreditar que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto. - Como é que eu me posso recordar da minha esposa se nem me lembro de alguma vez ter casado? – perguntou ele com a voz alterada por uma pontada de pânico. A confusão na cara do médico passou a uma expressão de entendimento, como se, subitamente, tudo fizesse sentido. - Sr. Kaulitz, qual é a última data de que se recorda? O Tom fez um esforço para se lembrar. Recordava-se de ter ido a um jantar de família em casa da mãe. Lembrava-se de ter regressado a casa com o Bill e também se lembrava que estava cheio de sono… Se calhar tinha adormecido durante a viagem e por isso é que não se recordava do acidente. Mas nesse caso… - O Bill? Ele está bem? – interrogou ele de repente, temendo que o pior tivesse acontecido. - Bill? Quem é o Bill? - O meu irmão! - Não tive conhecimento da entrada do seu irmão no hospital, mas posso averiguar… Mas por agora é importante voltar ao assunto anterior, por favor – insistiu o médico. Tom contou ao médico o que se lembrava mas disse que não sabia a data ao certo. - Mas sei que fiz 20 anos no mês passado – acrescentou ele com confiança. O médico olhou para a ficha dele com ar grave e pegou na caneta para escrever. Tom esperou pacientemente que o médico acabasse e era com ansiedade que o olhava quando este guardou a caneta no bolso da bata branca. - Sr. Kaulitz, segundo as informações que eu tenho aqui, dadas pela sua mãe, o Sr. fez 20 anos em Setembro de 2009, certo? – Esperou que o Tom concordasse com um aceno de cabeça e continuou – Lamento então informá-lo que estamos em Novembro de 2016. Tom sentiu-se como se o mundo estivesse a desabar sobre si. O que o médico estava a dizer não podia ser verdade! Olhou-o incrédulo e descrente, esperando que ele se começasse a rir às gargalhadas, o que não aconteceu. - O que é que acabou de dizer? - O Sr. sofre de amnésia.
- Eu não te percebo, Lori! Nunca estás bem com a vida que tens! - Eu? Tom, tu é que nunca sabes o que queres! - Loretta, não me venhas com tretas! – exclamou Tom, indignado – Eu mudei de opinião para te fazer a vontade! - Loretta? Quando é que deixaste de me tratar por Lori? – perguntou ela, cruzando os braços desafiadoramente. - Não mudes de conversa, Lori – replicou o Tom, pronunciando o nome dela em tom irónico – Não te interessa o outro tema, não é? Sabes que eu tenho razão. Tom cruzou os braços e viu-a desviar o olhar para o chão, como se não quisesse continuar a falar. Era o que ela fazia sempre que sabia que estava errada: amuava. Se a discussão não tivesse sido nada de mais, ele ia ter com ela e abraçava-a, fazia-lhe as vontades todas durante umas horas até lhe passar a má disposição. Mas desta vez ele não ia fazer isso porque ela tinha começado uma discussão sem qualquer razão minimamente válida e ele estava farto. - Tom, estamos a discutir sobre o destino das nossas férias… - Lori adoptou um ar desapontado – Sinceramente, já não me apetece ir a lado nenhum… - Vês? Vês? Eu queria ir a Miami, tu querias ir ao Brasil. Eu aceito ir ao Brasil e deixar Miami para outra vez e tu fazes um escândalo e ainda dizes que já não queres ir a lado nenhum! És fantástica… Lori não disse mais nada. Sabia que tinha exagerado e suspirou exasperada. Odiava perder disputas sem sentido, como esta. Tom suspirou também e abanou a cabeça lentamente. O casamento dele estava por um fio. Ele e Lori discutiam por qualquer pequena coisa. Sentia-se irritado e nervoso, precisava de espairecer. Levantou-se do sofá onde estava sentado com a sua mulher e dirigiu-se à porta da rua sem olhar para ela. Pegou nas chaves pousadas na mesa de entrada e murmurou “vou dar uma volta” antes de sair. Entrou no carro cinzento e ligou o motor, mas não arrancou de imediato. Apoiou a cabeça no volante e respirou fundo várias vezes com os olhos fechados. Sempre tinha tido dificuldade em concentrar-se na condução quando estava demasiado agitado e arreliado, mas precisava de sair dali durante umas horas. Precisava de ficar sozinho num sítio calmo e isolado para pensar no seu futuro e no que faria a seguir.
[FLASHBACK]
- Amas-me? – perguntou Lori, olhando-o nos olhos. Tom pegou nas mãos dela e beijou-as com carinho. - Amo-te – respondeu ele, devolvendo o olhar dela – E tu? Amas-me? - Tom, sabes que sim… Ele sorriu por instantes mas depois tornou-se sério novamente. Abriu e fechou a boca várias vezes até arranjar coragem para falar. A sua mente trabalhava a mil à hora, tentando pensar em algo bonito e romântico para dizer, mas apenas saíram três palavras. - Queres casar comigo? Sentiu uma sensação estranha na barriga ao ouvir aquelas palavras sair da sua boca, como se tivessem sido pronunciadas por outra pessoa. Apesar disso, sentiu que era o mais correcto.
[FIM DE FLASHBACK]
Teria sido realmente o mais correcto? Durante os dois anos de namoro, Tom tinha-se sentido no céu, como se caminhasse permanente numa nuvem. O sol brilhava mais, a relva era mais verde e os pássaros cantavam mais alto. No entanto, depois do casamento, tudo parecia diferente. Era como se tivesse descido ao inferno, todos os assuntos eram bons para começar uma nova discussão. Tom estava perdido em pensamentos e conduzia apenas por instinto, sem rumo definido. Não prestava qualquer atenção ao caminho que estava a tomar e deu por si a percorrer uma estrada secundária estreita e pouco iluminada. Num rasgo de lucidez, deu conta que não fazia a mínima ideia onde estava. Abrandou a velocidade e fechou os olhos por um segundo. “Que estou eu a fazer?” pensou ele, tentando descodificar o turbilhão de emoções que sentia dentro de si. Estava ansioso por voltar a casa, mas também estava receoso de enfrentar Lori pois não queria discutir novamente. Quando abriu novamente os olhos, a luz dos faróis de um carro que circulava em sentido oposto ao seu encadeou-o e foi obrigado a semi-cerra-los por alguns instantes. Foi o suficiente para calcular mal a distância a que se encontrava a curva seguinte. Girou o volante cedo de mais e depois, ao ver que não ia conseguir fazer a curva, atrapalhou-se e foi contra os rails de protecção, destruindo uma parte deles. Desceu a encosta acidentada aos solavancos, sem conseguir travar, porque o carro deslizava na terra e pedras soltas. Só parou quando a frente do carro bateu com força numa árvore, a força do impacto projectando-o para a frente. A última coisa que sentiu foi uma grande dor de cabeça, como se esta se tivesse partido ao meio, quando bateu com a testa no volante.
***
- Ele está a acordar! – exclamou uma voz feminina, por cima do barulho de um motor e uma sirene. A sua visão estava desfocada e não soube identificar o sítio onde se encontrava quando olhou debilmente em volta. Tinha uma máscara de oxigénio no rosto que o ajudava a respirar, embora ainda o fizesse com alguma dificuldade por causa de uma grande dor que tinha no peito. Tentou mexer-se mas uma dor aguda generalizada juntou-se à dor no peito e espalhou-se por todo o seu corpo, fazendo-o soltar um gemido. - O senhor sofreu um acidente de viação – informou-o a mesma voz feminina – Já lhe demos um medicamento para as dores, não se preocupe porque deve estar quase a fazer efeito. - Como se chama? – perguntou uma voz masculina vinda do seu lado esquerdo. - Tom… - respondeu ele, fazendo um grande esforço para falar, a sua voz soando grave e ofegante – Tom Kaulitz. - Senhor Kaulitz, estamos a caminho do hospital – disse novamente a voz feminina – Quer que nós contactemos alguém em particular? Tom preparava-se para responder, mas o esforço para falar era demais para si e sentiu-se desfalecer. O ruído do motor, as sirenes da ambulância, as vozes preocupadas dos paramédicos que chamavam em vão por ele, tudo parecia desaparecer. Tudo se transformou em silêncio e escuridão. O seu corpo parecia não existir mais. Sentia-se leve… Sentia-se a flutuar no vazio. Um choque eléctrico percorreu-o por completo, deixando todas as suas células cheias de energia e trazendo-o de novo à vida. Deixou-se ficar de olhos fechados, ignorando os pedidos dos paramédicos para que se mantivesse acordado. Sentia-se cansado… Naquele momento, dormir era muito tentador…
***
À sua volta havia um barulho ensurdecedor de pessoas a falar, passos apressados e máquinas a apitar. Abriu os olhos e foi invadido por uma luz ofuscante e brilhante, que o fez fechar de novo os olhos doridos. Estava a ser transportado rapidamente pelos corredores do hospital, tanto quanto conseguia perceber, por varias pessoas. - Várias costelas partidas, ombro esquerdo deslocado, uma contusão visível na testa e vários ferimentos superficiais na cara e nas mãos. Estava inconsciente quando chegamos ao local do acidente, mas recuperou momentaneamente a consciência para cá. Teve uma paragem cardíaca logo após desfalecer novamente, mas conseguimos estabilizá-lo. - Façam uma TC e uma ressonância magnética para despistar possíveis hemorragias internas e contactem-me assim que obtiverem os resultados ou se o estado dele se agravar. Tom tentou abrir novamente os olhos e depois de se habituar minimamente à luz, viu as paredes brancas do hospital a ficarem rapidamente para trás, à medida que avançavam cada vez mais para o interior do edifício. À sua volta, conduziam a maca dois paramédicos e duas enfermeiras, vestidas de branco. A simples acção de manter os olhos abertos e olhar em volta parecia-lhe um esforço sobre-humano, por isso, voltou a fechá-los. Um cansaço descomunal apoderou-se dele novamente e voltou a cair num sono profundo.
Título: A Tua Imagem
Autor(a): Moon
Tipo: Fic
Género(s): Drama, angst, UA.
Pairing(s): Tom/PFO
Classificação: PG-13
Warnings: -
Sumário: O que fariam se de um momento para o outro se vissem privados das vossas memórias? Eram capazes de largar tudo para procurar respostas para as vossas dúvidas ou tentavam simplesmente começar de novo e criar novas memórias? Nem sempre as nossas decisões são as mais correctas, mas o importante é saber lidar com elas e dar a volta por cima.
É difícil ouvir não. É difícil voltar as costas. Ou não é?
Desastrada. Sonhadora. Preguiçosa. Apaixonada. Introvertida. Calma. Solitária. Complexa. Curiosa. Distraída. Leal. Pessimista. Paciente. Teimosa. Sentimental. Adoro escrever. Amo música. Gostava de ser uma actriz famosa porque adoro representar, mas odeio câmaras apontadas a mim. Não consigo manter promessas que faço a mim mesma. Vivo no meu próprio mundo.